Foto: Reprodução/Internet |
* Marjorie Calumby Gomes de Almeida
O que significa nascer no país do futebol? A criança acaba de vir ao mundo e algum parente já o presenteia com um uniforme de algum time de futebol, deslumbrando a cena em que aquela criança estará presente em todos os jogos, vibrando com todas as vitórias daquele time, ou até mesmo, fazendo parte como jogador da seleção brasileira. Nem é perguntada a esta mesma criança se ela gosta de futebol, principalmente daquele time que foi praticamente imposto desde o seu nascimento. Ainda assim, ela acompanha este adulto aos estádios para se divertirem juntos. Desde muito cedo o sujeito recebe a informação de que é pertencente ao melhor time da sua cidade, estado, país e até do mundo, portanto, apenas vencer é o tolerável, nada menos que isso. Partindo desse pressuposto, a criança observa e aprende que havendo qualquer resultado não satisfatório, uma guerra deve ser decretada. Deve-se xingar não apenas os jogadores do time adversário, mas também aquele do seu time que hoje não está no seu melhor dia. Xingar? Não, humilhar! Qual a mensagem que está sendo passada de fato para os pequenos? O que eles encontram verdadeiramente em campo? INTOLERÂNCIA!
Privamo-los do sentimento de respeito, de competição saudável, do sentimento de frustração, tão importante para a formação do nosso caráter, de tolerância diante das adversidades. Já passamos da hora de ensinar as crianças que a função do torcedor é apenas a de torcer e que a felicidade não se limita ao resultado final de qualquer partida. Que possamos continuar torcendo quando ganhamos, para que o time continue conquistando títulos. Que possamos continuar torcendo, quando o time não se encontra no melhor momento, para que ele se recupere, tome decisões importantes e volte a brilhar. Que possamos torcer para que a paixão, a paz e a alegria sejam titulares em todos os jogos e tenhamos total consciência de que arremessos de bananas, vasos sanitários e afins não fazem parte de nenhuma partida. Que possamos continuar torcendo por bons resultados dentro e fora do campo e, sobretudo, que possamos continuar torcendo para que através de nossas palavras e exemplos, as crianças cresçam desejando ser sempre jogadores titulares absolutos do time do bem, entendendo que torcedor amigo tem espírito esportivo.
* Psicopedagoga, psicanalista, autora do livro infantil: Por que Tininha chorava na escola?
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