[1]Marjorie
Calumby Gomes de Almeida
A chegada de
um filho mobiliza muito a vida de um casal. Inaugura-se uma nova família: Homem
e mulher têm novos papéis a exercer e novas responsabilidades a assumir como
pai e mãe. Os pais desenvolvem uma relação de
afetividade com seus filhos desde que o bebê está crescendo dentro da barriga
da mãe e essa atitude é de extremamente importante para o seu pleno
desenvolvimento e traz benefícios até a vida adulta. A criança nasce e os
vínculos de amor só aumentam, ainda mais da parte da mãe que além de carregar a
criança em seu ventre durante toda a gestação, agora a amamenta e passa a ficar
a maior parte do seu tempo se dedicando a este serzinho frágil que ela trouxe
ao mundo. Mãe e filho parece ser uma extensão de um só corpo. No entanto, há um
momento em que esta criança irá ingressar na vida escolar. Esta é uma fase que
exigirá um período de adaptação tanto da parte da criança como também de sua
mãe. Este processo pode ser sofrido para ambas, pois é como se houvesse uma
“ruptura” nessa relação que antes era em tempo integral e agora terá de se
moldar a novos horários e a novas regras. Afastar-se do lar aconchegante e
enfrentar o desconhecido significa um grande salto na vida de qualquer criança,
representando um passo muito amplo em direção à autonomia.
Conforme Almeida (2010), uma vez que, a
adaptação e separação caminham juntas, o início da experiência na instituição
educacional tende a gerar ansiedade não só na criança, mas também em seus
familiares. Esse é um momento em que os mesmos passam a construir com a
escola relações afetivas destinadas a favorecer o desenvolvimento de um
mundo social mais abrangente em que esteja presente uma conquista vital: a
AUTONOMIA do sujeito. Portanto, a adaptação deve
ser entendida como uma fase que vai além do fazer a criança parar de chorar.
Essa é uma visão muito limitada em relação a todo o processo emocional, afetivo
e comportamental envolvidos. Na maioria das vezes, esta criança desenvolve uma
sensação de abandono e teme que sua mãe ou responsável não mais volte para
buscá-la.
Outro ponto em questão a ser enfrentado refere-se ao
fato de que além de serem acolhidas, as crianças precisam aprender a acolher
umas as outras, havendo então um processo relacional de interação e mediação.
Portanto, não é basicamente um processo natural, mas sim algo a ser construído
por todos os que atuam na dinâmica educacional (professores, alunos,
funcionários). Fase essa que também precisa ser bem resolvida em relação aos
pais que até então eram as pessoas mais próximas e que mais interagiam com os
filhos. Agora terão a atenção dividida entre coleguinhas e professora o que
muitas vezes causa ciúme da parte da mãe.
Para proporcionar tranqüilidade à criança no processo
de adaptação, de acordo com Felipe (2001), é essencial que os pais estejam
seguros. Deste modo, é adequado que a escola mantenha uma relação de parceria
com pais ou responsáveis, e na medida do possível é importante que estes
estejam disponíveis e presentes fortalecendo a relação da criança com seu
professor. Para Balaban (1988), é necessário tempo para que essa criança apreenda
toda a nova situação que está vivenciando, seja a característica desse novo
adulto, o professor, ou dessa nova instituição, rotina e ambiente. Nessa
dinâmica organizacional Balaban (1988) orienta que antes do início das aulas,
sejam organizadas reuniões coletivas e individuais com os pais, para a
instituição educativa expor aos mesmos a sua proposta pedagógica, os seus
objetivos, explicando-lhes como se dá esse processo de adaptação, enfatizando
que esse período merece uma atenção especial.
Para Almeida (2010), é importante que este
processo se organize de modo gradual, com pais seguros, bem orientados e
conscientes em relação ao que esperam para seus filhos no período de
escolarização para que esse sentimento seja entendido, discutido, enfrentado, e
superado por todos os envolvidos. Constituindo-se
assim, uma relação de confiança, afetividade e amizade entre escola, família e
criança. Tornando amena não apenas a ansiedade, mas também a angústia da
criança (e da mamãe) ocasionada no período de ADAPTAÇÃO.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Marjorie Calumby G de. Por que
Tininha chorava na escola? Porto Alegre: 2010.
BALABAN, Nancy. O início da vida escolar: da
separação à independência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
FELIPE, Jane. O desenvolvimento infantil na
perspectiva sociointeracionista: Piaget, Vygotsky, Walon. In: CRAIDY, Carmem;
KAERCHER, Gládis E. Educação Infantil: Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed,
2001
Adorei
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