Que alegria, diz a Eternidade,
Ver o filho da minha esperança
Apaixonar-se pela pesquisa,
Pois em sua mente
Coloquei inúmeros dos meus sonhos
E gostaria que se tornassem realidade.
A pesquisa, começou a explicar a Eternidade,
É, antes de qualquer coisa, o gesto do velho camponês que se vai,
Revolvendo as pedras dos campos,
Descobrindo lesmas e gafanhotos,
Ou milhares de formigas atarefadas.
A pesquisa é a caminhada pelos bosques e pântanos
Para tentar explicar,
Vendo folhas e flores,
Por que a vida apresenta tantos rostos.
A pesquisa é a fusão, em um só tubo de ensaio,
De observações, teorias e hipóteses
Para ver se cristalizar
Algumas parcelas de verdade.
A pesquisa é, ao mesmo tempo, trabalho e reflexão
Para que os homens
Achem todos um pouco de pão
E mais liberdade.
Também é um olhar para o passado
Para encontrar nos antigos
Alguns grãos de sabedoria
Capazes de germinar
No coração dos homens de amanhã.
A pesquisa é o tatear em um labirinto,
E aquele que não conheceu a embriaguez de procurar seu rumo
Não sabe reconhecer o verdadeiro caminho.
A pesquisa é a surpresa a cada descoberta,
De se ver recuar as fronteiras do desconhecido,
Como se a natureza, cheia de mistérios,
Procurasse fugir do seu descobridor.
A pesquisa, diz finalmente a Eternidade,
É o trabalho do jardineiro
Que quer se tornar,
No jardim da minha criação,
O parceiro de minhas esperanças.
Gérard Martin
Artigo no jornal Au fil des événements da Universidade de Laval, Canadá, em 06 de dezembro de 1994. Apud. LAVILLE, Christian & DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre, Artes Médicas, 1999.
0 comentários :
Postar um comentário