Artigo para Revista Estilo Off Maio 2011
Os jovens sabem operar complexos computadores, mas não sabem criticar suas idéias, repensar sua história e discutir seus problemas. Que sociedade é essa que tem destruído a capacidade do ser humano de se interiorizar?
Augusto Cury
De acordo com o dicionário inFormal, amnésia é a perda total ou parcial de informações. O indivíduo pode perder a capacidade de reter novas informações (amnésia anterograda) ou de evocar as antigas (amnésia retrógrada). Seria essa uma das principais doenças que assolam o nosso país? Seriam nós brasileiros dotados da capacidade de esquecer, mesmo quando as ações não passam despercebidas por nossa vida?
Espanta-me saber que posso estar convivendo com alguém capaz de me matar a qualquer momento. Fico aterrorizado com a sensação de impotência diante de tantas tragédias, que mesmo sem envolver diretamente a minha pessoa e os meus, me toca como se o fosse. Fico pensando até quando e o que faremos para amenizar tanto sofrimento?
Alguém ainda se lembra do caso do garoto João Hélio, que foi brutalmente assassinado após um assalto? João Hélio tinha apenas seis anos de idade.
Lembram-se do motoboy Francisco de Assis Pereira, o famoso maníaco do parque, que conquistou diversas mulheres matando dez delas e estuprando e roubando outras nove?
Alguém ainda se lembra do casal Von Richthofen que foi brutalmente assassinado enquanto dormia em sua mansão no Brooklin, Zona Sul de São Paulo, por sua própria filha?
Alguém soube do caso do adolescente Alexandre Ivo, de 14 anos, que foi sequestrado por um grupo de jovens enquanto esperava o ônibus e foi espancado, torturado e asfixiado até a morte, por motivo de homofobia?
Com certeza, ainda se lembram do homem que invadiu a escola e atirou contra alunos no Rio de Janeiro. Mas até quando?
Esse tipo de esquecimento, para muitos, pode ser proposital. Não querer guardar para si situações tão tristes é um direito de todos.
Abro minha homepage da internet e me deparo com a notícia de que mãe queimou o próprio filho em Itaperuna. Dá para acostumar? Não consigo!
Inicio esse texto com tantas tragédias, para focalizar um personagem central em todas essas atitudes escabrosas. Se observarmos bem, em todas elas temos envolvimento de mulheres, ou melhor, mães.
Mães que sonharam um dia dar para seus filhos, tudo o que não tiveram enquanto criança e/ou adolescente.
Mães protetoras, que demonstram ao mundo o único e verdadeiro amor que um ser humano pode ter pelo o outro. Creio que elas sejam os únicos seres humanos capazes de morrer por outro (seus filhos).
Mães que sofreram, morreram, lutaram, amaram, e como amaram.
Aí me vem o grandioso poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade e faz a indagação que todos nós fazemos: “Por que Deus permite que as mães vão-se embora?” Explicar, impossível. Entender, pior ainda. Aceitar, tarefa difícil.
Devo assumir que não dou o valor merecido a minha mãe, que é para lá de especial, como a mãe de quem lê este escrito agora. Tudo que eu fizer para ela será pouco diante do fato de que a mesma foi responsável por gerar a minha vida neste mundinho rodeado de violência infinita, mas também cheio de belezas e sentimentos bons. Por mais que demonstremos agradecimento, ainda será muito pouco, sempre!
Drummond ainda conclui:
“Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.”
Faço minhas palavras as do poeta, que com toda sensibilidade nos mostra quão difícil deve ser conviver com a ausência Dela.
Muitos dizem que somente perdendo a figura materna é que sentimos verdadeiramente quão árdua é a tarefa de conviver sem os vícios, as broncas, os carinhos, a comidinha, o aconchego, sem o voltar para casa e saber que Ela está lá, lhe esperando.
Suprir essa falta é algo indiscutivelmente impossível. Adoraria que este artigo chegasse às mãos dos adolescentes da nossa cidade e que esse pudesse tocar no coração de cada um. Gostaria ainda, que esses adolescentes abrissem seus olhos, para a verdadeira finalidade das mães existirem; Elas são nossa proteção, elas são nossos anjos da guarda aqui na terra.
Perdê-la certamente é doloroso, mas coloquem-se no lugar de uma mãe que perde seu filho. Imagine todos os sentimentos que perpassam a vida da mãe do garoto João Hélio, da mãe da Isabella Nardoni, que pode ter sido morta pelo próprio pai, e da mãe do adolescente Alexandre Ivo morto por uma ignorância descabida. Mães, que infelizmente terão essas marcas por toda sua existência.
Enfim, em meio a tantas tragédias, me consola saber que ainda tenho minha mãe, que ainda tenho tempo de amá-la e que não terá amnésia no mundo que me fará esquecê-la!
Desejo a todas as mães um feliz dia e que seus filhos sejam benção nas suas vidas, como vocês são na vida deles. Amém?!
Autor: Alexsandro Rosa SoaresEspecialista em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário São José de Itaperuna, Especialista em Administração Escolar pela Universidade Cândido Mendes, Graduado em Letras pelo Centro Universitário São José de Itaperuna e Graduado em Magistério nas séries iniciais do 1º segmento do Ensino Fundamental pelo Instituto Superior de Educação de Itaperuna. Foi subsecretário do Centro Universitário São José de Itaperuna, atualmente é funcionário da Fundação e Apoio a Escola Técnica do Rio de Janeiro e Colunista do Jornal Macaé News. Contatos: alexsandro.soares@gmail.com |
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