CRÔNICA: E Assim Caminha A Humanidade

Foto: Reprodução

[...] E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio publico
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego [...]
CHICO BUARQUE

As cidades do interior sempre foram consideradas o porto seguro para quem desejava uma tranqüilidade maior e uma paz espiritual não encontrada nas ditas cidades grandes. Isto porque esse tipo de cidade transmitia uma nostalgia poética dos tempos remotos onde as pessoas não se preocupavam muito com tudo o que as rodeavam, somente com a sobrevivência. Não tinham TV para assistir, preocupações com tantas contas a pagar, e nem muito menos o medo de sair de casa e ser atingido por uma “bala” totalmente achada.
Lembro como se fosse hoje, das crianças pulando e brincando na porta de suas casas, felizes e despreocupadas com o que viria pela manhã. Os adultos sentados à beira das calçadas falando da vida alheia, de forma normal e piegas. Lembro-me das brincadeiras de pique-esconde, pique-bandeira, amarelinha, vivo-morto, enfim, de tudo que rodeava a vidinha pacata e bela dos habitantes do interior.
A concepção de vida está tão baixa que hoje os interioranos não têm mais esta tranqüilidade nostálgica. As coisas tomaram tal rumo, que na atualidade devemos mesmo, ter medo até da nossa própria sombra. E isso não é simplesmente uma hipérbole, não!
Viver tornou-se um ato de coragem, sorte e muita... mas muita... fé. Hoje não temos mais a oportunidade de viver no sentido pleno da palavra. Vivemos sim, rodeados de medos e angústias que tomam conta de toda a nossa vida social e familiar. Não existe mais respeito à vida, não existe mais respeito aos seres humanos, não se respeitam mais a existência divina. Estamos cercados por um universo de “homens” que lutam pela sobrevivência, custe o que custar, até que um tiroteio os elimine. Vivemos num verdadeiro “paredão” o tempo todo, e quem irá decidir o final? Com certeza não seremos nós, pois os líderes da existência são os que têm o poder nas mãos de destruir sem pensar na vida alheia.
Todos os dias, diversos casos de violência e atentados contra a vida humana, passam despercebidos por nossos olhos que só enxergam o que está relativamente ligado ao nosso seio genético. Observamos diversos protestos pedindo paz e o fim da impunidade, aumento da maioridade penal, pena de morte para crimes bárbaros, enfim, tudo em prol de resolver-se os males sociais relacionados a violência. Pensamos em todos os envolvidos nesse processo de sofrimento e da perda de um parente querido. Não fomos preparados para perder, em todos os sentidos, seja no futebol, seja na fórmula 1, seja no carnaval, seja na vida. Fomos condicionados a ganhar sempre!
Proponho uma reflexão também, acerca do sentimento dos familiares dos acusados envolvidos nesses crimes bárbaros, que também são seres humanos e que muitas das vezes não têm nada a ver com os rumos tomados por esses ‘indivíduos’. Esses também sofrem, tanto quanto os parentes da vítima desses atentados. Eles também perdem, é uma perda diferente, mas perdem! Perdem o sonho de ver seu filho subindo os degraus da vida, perdem a esperança de ver seu sonho realizado ao ter um filho realmente compromissado com a família, perdem a oportunidade de lutar e dar ao seu filho tudo que nunca tiveram e perdem acima de tudo, toda sua existência em prol da educação desse indivíduo.
Quando Deus nos desenhou ele estava confirmando que seríamos intrigantes. Os seres humanos seriam a espécie mais questionativa deste mundo. Seríamos nós que contaríamos a nossa história, não como meros expectadores, mas como atores principais e coadjuvantes deste espetáculo que é a vida.
Hoje ainda dá tempo de mudar e de sobrevivermos a tudo isso que vem acontecendo no nosso mundo. Talvez de uma forma mais espiritual, pois através dessa evolução interna do espírito temos a capacidade de perdoar a tudo e a todos. E é indiscutível que hoje o sentimento principal para a salvação da humanidade é o perdão.
Sei que é difícil perdoar o estripador de uma filha, sei que quase impossível perdoar o assassino de um bebê, sei como é difícil perdoar... Contudo é imprescindível, pois só através do perdão é que podemos fazer com que as pessoas que brutalmente agiram dessa forma, reflitam em relação a atitude tomada e que essa atitude poderia ter acontecido com um deles.
Até aonde iremos chegar com toda esta violência? Não sei. Só sei que se a gente quiser, é possível mudar o final desta história.

Autor: Alexsandro Rosa Soares
Alex Soares
Especialista em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário São José de Itaperuna, Especialista em Administração Escolar pela Universidade Cândido Mendes, Graduado em Letras pelo Centro Universitário São José de Itaperuna e Graduado em Magistério nas séries iniciais do 1º segmento do Ensino Fundamental pelo Instituto Superior de Educação de Itaperuna. Foi subsecretário do Centro Universitário São José de Itaperuna, atualmente é funcionário da Fundação e Apoio a Escola Técnica do Rio de Janeiro e Colunista do Jornal Macaé News.
Contatos: alexsandro.soares@gmail.com
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About Alex

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2 comentários :

  1. Bom dia, meu caro Alex!
    Bom saber desse espaço aqui. E você continua sempre mais afiado.
    Um abraço,

    ResponderExcluir
  2. Obrigado pelo comentário professor! Bem-vindo sempre!

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